segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Parlamento Honesto, Povo Desonesto?





Vivemos dias de grandes protestos pelo país. Protestos que ultrapassaram nossas fronteiras e alcançaram brasileiros que, expulsos pela situação financeira, violência ou qualquer outro fator particular, deixaram o país em busca de seus sonhos em terras estrangeiras.

Os protestos em todas as capitais e grandes cidades do país tinham temas diversos e se iniciaram pela revolta paulistana causada pelo aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem na cidade. 

Inertes, diante da revolta popular, nossos políticos demoraram a entender e acreditar no que estava acontecendo. O governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o recém-eleito prefeito da maior cidade do país, Fernando Haddad, inicialmente pareciam inflexíveis diante dos protestos, se negando a negociar a revogação dos aumentos. 

A situação se tornou insustentável e eles tiveram que voltar atrás de suas próprias afirmações. Um precedente perigoso: não revogar poderia causar um estrago ainda maior em suas aprovações e revogar poderia dar força aos movimentos sociais, que teriam a impressão de que, sob pressão, todas as reivindicações seriam alcançadas. Ou nossos políticos demonstravam fraqueza ao desmentirem-se ou decretavam sua morte política. Alckmin e Haddad preferiram, juntos, anunciar a revogação dos aumentos e enfrentar a vergonha.

Apesar desta razão principal, a maior demanda era contra a corrupção, o fator-mãe de todas as reivindicações. A corrupção que nos faz pagar alguns dos maiores impostos do planeta e receber de volta alguns dos piores serviços dentre os principais países. Corrupção que rouba esperanças, trava grandes projetos e superfatura obras essenciais. Corrupção que torna o nosso parlamento um dos mais desacreditados.

No entanto, o que é corrupção? Será que nosso povo entende este princípio?

Vivemos numa sociedade tão incorruptível a ponto de merecermos políticos incorruptíveis?

A corrupção não começa no dinheiro público e nem mesmo nos milhões dos superfaturamentos. A corrupção não se inicia na posse dos vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores ou presidentes.

Aquele que hoje é corrupto nos milhões já o era nos centavos.

Nossos pais têm ensinado seus filhos a devolverem o troco que recebem a mais na padaria? Têm ensinado aos filhos em idade escolar a não ficar nem mesmo com um lápis usado que não lhe pertença?

Numa sociedade em que levar vantagem é regra, como nos surpreender com nossos políticos?

A sociedade brasileira recebe com espanto a notícia de um mendigo que devolve dinheiro que não é seu e alguns, até mesmo, o chamam de bobo, idiota, burro por tê-lo feito. Essa é a sociedade que construímos. A honestidade é surpresa e a desonestidade, regra.

Não tenho qualquer dúvida de que, quando nós, como pais, tomarmos a responsabilidade de sermos exemplos e de ensinarmos honestidade aos nossos filhos, teremos jovens melhores e, como consequência direta disso, políticos mehores.

Por enquanto, nos cabe reivindicar sempre. 

Os protestos são necessários e os apoio totalmente, mas não serão, sozinhos, os fatores de mudança. A responsabilidade começa no lar e os pais precisam assumir sua grande fatia de culpa em todos os problemas enfrentados na sociedade brasileira. A família é a base da sociedade e o que vivemos é apenas um espelho dela. Em frente ao espelho vemos exatamente aquilo que refletimos.



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