Não há homem que, em algum momento na vida, não se depare com o desejo de ser pai. Criar uma nova vida, algo que é parte sua, sentir-se responsável por algo maior e mais importante do que sua casa ou seu carro.
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Ultrassom - 12 semanas |
Porém, esse desejo acompanha medos. Medo de criar um filho no mundo atual, medo das condições financeiras desfavoráveis, medo de não corresponder à altura da responsabilidade.
Outras vezes, o medo só aparece após o anúncio da gravidez, seja porque a gravidez não tenha sido planejada ou porque o futuro pai ainda não tivesse pensado no tamanho da sua responsabilidade.
Porém, a descoberta é motivo de uma alegria ainda maior do que as preocupações com o futuro.
No meu caso, a gravidez foi planejada por mim, mas não por minha esposa. Éramos recém-casados e, para minha esposa, seria bom esperar mais alguns meses. No entanto, eu, já com 30 anos, me imaginava brincando com meu filho (ou filha) no futuro e se estivesse mais velho, talvez não acompanhasse o ritmo. Queria um filho o mais rápido possível. Minha esposa acabou concordando.
No mês de agosto/2010 pensamos que ela estivesse grávida, chegamos a acreditar e já estávamos planejando. Mas, foi um alarme falso. Ela não estava grávida. Nos sentimos um pouco frustrados pois a ideia da gravidez, em nossa mente, já havia passado da fantasia à realidade. Porém, se não foi dessa vez, resolvemos continuar tentando.
Em setembro/10, nova suspeita. Desta vez baseada num sintoma característico da gravidez. Minha esposa acordou com uma vontade de comer feijoada, só falava na bendita feijoada. Comprei todas as coisas e fiz. No entanto, depois de pronto o suculento prato, ela simplesmente olhou para a panela, fez uma cara de nojo e disse: 'Não quero mais!'
A minha desconfiança me levou a comprar daqueles testes de farmácia. O resultado: negativo. Tudo bem, negativo de novo.
Mas os sintomas continuaram: sono, enjoos. Comprei outro teste de farmácia e deu negativo de novo. Então partimos para o teste clínico. E o exame de urina comprovou que ela estava grávida, provavelmente de 2 semanas.
'Que alegria! Vou ser pai!' - pensei.
Ao mesmo tempo, se iniciaram algumas preocupações. Pensava se meu bebê nasceria saudável. Será que terá alguma doença? Então, tiveram início as preces pela saúde do bebê e da mãe. Não conseguia pensar em outra coisa.
Depois veio a preocupação financeira: tantas coisas para comprar, tantas coisas para fazer. Mas nenhuma preocupação e nenhuma dúvida era maior do que a minha felicidade. Nada poderia ser maior do que a sensação de que no ventre da minha esposa, estava crescendo uma nova vida, uma vida que era, literalmente, parte de mim. Finalmente entendi o tamanho e a importância do poder da procriação. Um poder que está acima da nossa limitada compreensão humana.
Queria estar todo o tempo a tocar a barriga da minha esposa e perdi as contas de quantas vezes chorei tocando-lhe a barriga enquanto dormia.
Que alegria indescritível! Que alegria singular!
Ser pai é mais do que ser criador, ser pai é aprender a lidar com os próprios medos e se preparar para a grande responsabilidade de manter uma vida que, por muitos anos, dependerá inteiramente da sua. É começar a se preocupar mais consigo mesmo, seja no âmbito da saúde ou da qualificação profissional, sabendo que agora não é só você, há alguém mais por quem viver.